O mundo do trabalho mudou muito

A sociedade capitalista atual é pautada pelo aumento do setor terciário ou de serviços; pela globalização da economia; pelo modelo enxuto de empresa; pelo uso de tecnologias de ponta, como eletrônica, telecomunicações, informática, biotecnologia; pela alta produção de bens não-materiais, como serviços, informação, educação, estética.

 Em consequência destas mudanças, postos de trabalho na indústria vêm diminuindo e o decréscimo do emprego estrutural vem gerando desemprego e dando lugar ao trabalho autônomo e à economia informal; ocupações antigas vêm desaparecendo e novas vêm surgindo a cada dia.

Estas mudanças no mundo do trabalho geram instabilidade e exigem do trabalhador uma série de novas habilidades para a empregabilidade, como flexibilidade, polivalência, capacitação tecnológica, adaptabilidade.

A organização, a estabilidade, a certeza, a previsibilidade, ícones da sociedade industrial, foram substituídas pela flexibilidade da produção e das relações de trabalho, que passaram a ser guiados pelas flutuações do mercado de consumo.

Esta nova ordem econômica mundial trouxe consigo uma onda de individualismo, que vêm enfraquecendo as organizações sindicais na luta pela defesa dos direitos dos trabalhadores e vêm provocando, na opinião de alguns, um retrocesso em termos dos direitos sociais anteriormente conquistados.

Espera se cada vez mais do trabalhador e se oferece a ele cada vez menos. Ao mesmo tempo em que a sociedade pós-industrial seduz com seu discurso de que o trabalho deve estar vinculado à busca por qualidade de vida, mantém um contingente cada vez maior de indivíduos à margem do processo produtivo. 

As mudanças no mundo no século XXI fizeram com que ficasse conhecido como a era do conhecimento. Segundo Bauman uma das consequências do mundo contemporâneo é a passagem da fase “sólida” para a modernidade “líquida” nas organizações sociais (estruturas e instituições que asseguram a repetição de rotinas e padrões de comportamentos convencionados) que não devem mais manter sua forma por muito tempo. Essas organizações se decompõem e se dissolvem mais rapidamente do que o tempo que levam para se estabelecerem.

As relações no trabalho também não são mais as mesmas. Além do contrato de trabalho existe outro que é mais importante, o denominado, contrato psicológico o qual envolve a parte das atitudes, comportamentos e ações. Na prática tanto o contrato de trabalho, como o contrato psicológico se transformam em contratos de aparências. Enquanto os colaboradores simulam dedicação e esforço os empresas fingem consideração e respeito, o que é um espelho das características das organizações sócio políticas, com isso a rotatividade é permanente – gente que vai e vem, um entrar e sair nas grandes corporações.

As empresas não cuidam mais das carreiras de seus empregados, não existem carreiras até a aposentadoria, o essencial hoje é ter profissionais que trabalhem com intensidade, gerem resultados em projetos de curta duração e deixem a empresa sem fazer barulho quando cumprirem a sua missão. Agora isso vale mais do que contar com funcionários leais, interessados em vínculos estáveis e carreiras longas.

Também para a maioria dos profissionais, a estabilidade deixou de ser atrativa, o melhor é ter um trabalho que goste e que o prepare para dar os próximos passos e normalmente que tragam maiores ganhos financeiros. Trabalhos que preparam para o próximo emprego.

Essas relações enfraqueceram os vínculos com colegas e destes com a empresa, mas o vínculo com as tarefas se mantem.

O surgimento de contratos psicológicos baseados em relações cada vez mais efêmeras podem gerar perdas e danos difíceis de assimilar, tanto para empregados, como para empregadores. Mais uma vez o individualismo, falando mais alto que o capitalismo.

Nesse cenário, assim que a situação econômica melhorar, o salário vai perder força na hora de segurar um profissional, com relação a uma empresa que não tenham valores que façam sentido ou que não esteja conectada às aspirações dos trabalhadores.

As competências dos colaboradores serão cada vez mais efêmeras, havendo a necessidade de aumentar o aprimoramento de novas, para garantir não a carreira, mas a empregabilidade.

Hoje nossos jovens já tendem a ver com bons olhos trabalhar por conta própria e o empreendedorismo tem crescido no país, não só por conta da crise, mas também de toda essa transformação pela qual passa o trabalho no sistema sócio econômico do país.

O Brasil vem sofrendo consequências específicas desta nova ordem econômica mundial, houve um grande aumento do desemprego no setor industrial, enquanto o setor de serviços evoluiu notavelmente.

No entanto, o incremento do setor terciário não foi suficiente para estancar o fenômeno do desemprego estrutural que vem assolando o país. Paralelamente, alguns autores têm analisado as características do jovem brasileiro que vai aos serviços de Orientação Profissional em busca de auxílio. Este jovem é conservador, individualista, não se preocupa com mudanças sociais, deseja realização pessoal, prazer no trabalho, estabilidade profissional e conforto material. Este jovem busca a escolha de um curso superior que lhe garanta acesso ao mercado de trabalho através da conquista de um emprego estável e bem remunerado, no qual permaneça por toda a vida. Este jovem busca uma permanência e rigidez que já não existem na nova sociedade pós-industrial, o que também pode ser observado pela procura por concursos públicos.

Segundo uma pesquisa realizada com pessoas de 25 a 60 anos, pela International Stress Management no Brasil, mostra que 76% dos entrevistados se sentem infelizes com a sua vida profissional. Isso significa que cada 10 pessoas, 7 estão insatisfeitas com a vida profissional. Isto significa que empregados, estão gastando entre 8-10 horas por dia, 5 dias por semana em um emprego no qual não estão realizados e sim frustrados e desvalorizados. Para muitos a troca de emprego ou deixar o emprego é a melhor solução e é isso que vem acontecendo – colaborando para o aumento do número de empreendedores e o número de transições profissionais empresas só cresce.

Essas mudanças parecem colaborar para um fenômeno interessante, o aumento substancial de pessoas na faixa etária de 30 anos que estão passando por crises no trabalho. Parece que essas crises que antes ocorriam por volta dos 40 anos estão sendo antecipadas. Questionamentos como mudar de vida ou escolher uma nova carreira, nem sempre são tão fáceis e podem gerar sentimentos de ansiedade, stress, sentimento de perda, de rejeição e outros sentimentos negativos. Não é à toa que estamos ouvindo tanto falar sobre ansiedade e depressão - os males dessa nova sociedade do trabalho.

O mundo do trabalho mudou, mudou muito.... é um mundo líquido que se desfaz, é um mundo que exige flexibilidade, capacidade de adaptação, aprendizagem constante de novas competências, disponibilidade de horários, mudança para outros países....adaptação ao empreendedorismo e o lidar com os males modernos como a ansiedade e depressão.

Você precisava saber... o saber da controle e facilita o planejamento e portanto ações práticas!! O conhecimento da realidade externa agregado ao seu autoconhecimento te da o poder de mudar o mundo!!

Borá lá trabalhar e ser feliz!!


* Artigo originalmente publicado no meu Linkedin: https://www.linkedin.com/pulse/voc%C3%AA-se-deu-conta-que-o-mundo-do-trabalho-mudou-maria-isabel-bastos/

Maria Isabel Bastos - Coaching de Carreira & Orientação Profissional

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