Esse é um assunto que realmente me encanta, pois fala de uma mudança de paradigma que está trazendo e continuará a trazer muita renovação dentro das organizações agora, e no futuro.
Quando VOCÊ pensa em um mentor, a primeira visualização que vem à sua mente é a de uma pessoa mais experiente, orientando alguém com menos tempo de estrada na profissão ou na vida. No dicionário, a palavra é definida como “o indivíduo reverenciado como sábio conselheiro e orientador de alguém”.
Logo um processo de mentoria é associado com um profissional mais experiente orientando um jovem profissional que deseja se desenvolver a sua carreira. A mentoria reversa, entretanto, funciona justamente ao contrário: o mentor passa a ser o jovem, que orientará o profissional mais experiente em diversos aspectos. Basicamente, os executivos mais antigos são pareados com colaboradores mais jovens que os ensinam sobre novas tecnologias, incluindo mídias sociais, tecnologia, aspectos sociais, relacionais, de comunicação, etc.
O conceito de mentoring reverso não é novo. Jack Welch, ex-CEO da General Electric, é creditado como o inventor do primeiro programa de mentor reverso em 1999.
Vamos esclarecer primeiro as diferenças entre Coaching, Conselling e mentoring.
Coaching: utiliza ferramentas para traçar estratégias que permitam o desenvolvimento de habilidades e o despertar para uma nova consciência. É um processo de desenvolvimento, transformação que visa resultados. Trabalha com técnicas efetivas de aumento de performance, em busca de suas metas, objetivos e sonhos. Ensina a pensar diferente, ampliar sua visão sobre o negócio, carreira e vida. Busca o autoconhecimento e ação imediata gerando uma parceria entre caoch (profissional) e coachee (cliente) com definição de caminhos e planejamento estratégico eficazes.
Conselling: significa “aconselhamento”. Mas esta técnica vai muito além de simplesmente aconselhar alguém a fazer algo. Counseling é uma técnica muito buscada por pessoas que estão fragilizadas emocionalmente. O counselor (conselheiro) aponta soluções e alternativas para solucionar os problemas de quem procura a técnica. As respostas obtidas com o Counseling são imediatas. O counselor apresenta ao seu cliente um roteiro com o que deve ser feito para que os obstáculos sejam superados no menor curto espaço de tempo possível.
Mentoring: similar a um apadrinhamento. A base do Mentoring é a troca de conhecimento entre um profissional experiente e um profissional que está na fase inicial da carreira. No Mentoring, o profissional mais experiente mostra ao seu “apadrinhado” como lidar com as mais diversas situações no ambiente de trabalho com base em suas experiências anteriores.
CONTEXTO HISTÓRICO DA MENTORIA REVERSA
Tempos atrás, previa-se que os “Baby Boomers” (nascidos entre 1946 e 1964) iriam se aposentar com idades semelhantes à geração denominada Veteranos ou Tradicionais (nascidos entre 1920 e 1945). Entretanto, com mais saúde, maior vitalidade e melhor formação que a geração anterior, “Baby Boomers” permanecem atuando intensamente no mercado de trabalho.
A geração X (nascidos entre 1965 e 1980) foi a primeira a sentir o impacto dessa maior permanência dos “Baby Boomers” nos empregos. Esse mesmo mercado se prepara para receber, em breve, profissionais da geração Z (nascidos entre 1998 e 2010). Aí, de modo inusitado, teremos a convivência de 4 diferentes gerações nas empresas, cada qual com suas características… tal fato… aumenta a tensão e os conflitos, já que os valores das diferentes gerações em relação ao trabalho e à própria vida são bens distintos.
Antes mesmo da geração Z entrar no mercado, surge a Mentoria Reversa, por meio da qual “Millennials” (nascidos entre 1981 e 1997; também denominados Ys) ensinam tecnologia digital para “Baby Boomers”. Essa interação é super produtiva …e o caminho mais inteligente, para a integração sistemática.
Apesar de pouco difundida ainda, mas com um amplo potencial de alcance no que se refere à gestão da diversidade e, consequentemente, um melhor relacionamento entre as diferentes gerações de profissionais, a mentoria reversa vem sendo bastante utilizado no mercado.
Mas, você sabe o que significa? Quando pensamos em mentoria, automaticamente enxergamos profissionais mais velhos guiando os mais novos, oferecendo insights seus ganhos através de anos de trabalho duro e de muita experiência. Porém, na mentoria reversa, o que acontece é exatamente o contrário: funcionários mais jovens oferecendo uma nova perspectiva sobre tecnologia, relacionamentos, visão do cliente, social media e hábitos dos consumidores.
Com avanços tecnológicos ocorrendo a todo o momento, aqueles que nasceram em meio a essa turbulência de informações, os chamados “nativos digitais”, tem maior facilidade para acompanhar, aprender e se adaptar as mudanças que movem o mercado.
As empresas estão cada vez mais adeptas a contratar funcionários mais jovens, que possuem a mente aberta para aprender e inovar sempre que for preciso e, ao somar experiências com quem está presente no mercado há mais tempo, gerar melhores resultados com uma equipe potencializada. E é aí que a mentoria reversa entra em cena, servindo como uma poderosa ferramenta para uma organização.
1. O aumento integração entre as diferentes gerações.
2. Estimular um ambiente com mais diversidade.
3. Melhorar na produtividade.
4. Permitir entender as aspirações dos jovens no trabalho e na vida.
5. Aprimorar a conexão entre os líderes da empresa e o time mais júnior.
6. Melhoraria na comunicação com o público interno e a atração de talentos para a marca. Os gestores aprimoram a sua visão do mercado e tem informações importantes para liderar.
7. Possibilitar aos envolvidos um olhar de forma diferente para algumas questões da empresa, como a comunicação. Lideranças aprendem a usar o tom certo nas diferentes situações.
8. Adquirir flexibilidade que é uma importante habilidade para evoluir.
9. Retenção de talentos, possibilitando a construção de um plano de sucessão sólido para dar mais agilidade e inovação para a gestão.
10. Geração de valiosos insights para o jeito de liderar. Hoje, os negócios são mais digitais e acelerados, assim como a troca de informação. Essa agilidade e flexibilidade das gerações mais novas auxilia a desenvolver um novo estilo de liderança.
11. Os funcionários mais jovens oferecem uma nova visão, uma nova perspectiva sobre a tecnologia, a mídia social e os hábitos dos consumidores. Ao falar de social media é preciso ser ativo e criar um engajamento do público com o conteúdo. Além disso, ajustar o tom de voz é essencial, pois muitas empresas tradicionais ainda têm o costume de ser formais quando conversam com clientes e esse não é o melhor caminho quando lidamos com pessoas que passam boa parte do dia conectadas.
12. Outro ponto bastante importante que pode ser aprendido com os mais jovens é não ter medo de arriscar. Quem já está no mercado há bastante tempo e já passou por períodos de crises econômicas, fica receoso de investir em algo novo e que sai fora de uma zona de conforto criada por eles mesmos para garantir estabilidade.
13. Cada um é expert em determinado assunto e, quando o assunto é tecnologia, as formalidades têm de ser deixadas para trás e os nativos digitais precisam colocar suas habilidades em prática e eles sabem como fazer isso. Quando os jovens mentores desmistificam as tecnologias e, os orientados entendem como as ferramentas digitais podem melhorar suas vidas pessoais, eles passam por uma mudança na sua mentalidade digital no trabalho.
14. Essa jovem geração de mentores com o acesso direto a alguns dos principais líderes das corporações, podem se beneficiar de seus conselhos e insights, mesmo fora do programa.
15. Os benefícios da mentoria reversa são humanos, acima de tudo. Quando dois mundos distantes, como duas gerações na era dos bitcoins e Pokémon Go, passam a ter conhecimento um do outro e aprendem como falar um com o outro, a frustração e os incômodos diários acabam e o bem-estar pessoal e à eficiência no local de trabalho certamente aumentam.
16. Um outro benefício do programa é o aspecto de construção de uma comunidade que permite uma comunicação mais fácil entre esses funcionários que nasceram gerações diferentes.
O mais importante em um programa de mentoria reversa é criar uma cultura de aprendizado constante, de respeito à diversidade, de abertura para o novo. Através dessa troca, os profissionais envolvidos experienciam um crescimento pessoal e profissional que muitas vezes vai além do idealizado pelo programa.
Um bom exemplo disso pode ser visto no filme “Um senhor estagiário” (quem não viu, assista!), em que Robert De Niro interpreta um viúvo de 70 anos, insatisfeito com a monotonia que vive após a sua aposentadoria, aproveita uma oportunidade para voltar à ativa num site de moda, cuja jovem proprietária acaba por se tornar sua grande amiga.
Hoje já existem algumas empresas de grande porte adotando também o programa de estagiários sênior no Brasil e alguns casos apareceram recentemente aqui no LinkedIn divulgando vagas.
No passado, a dinâmica criada por Jack Welch, servia para que os mais velhos aprendessem com os mais jovens a usar a tecnologia. Hoje, a mentoria reversa se aplica a temáticas mais amplas, com o objetivo de ampliar a visão dos profissionais de nível sênior para assuntos como diversidade e inclusão de mulheres, afrodescendentes, LGBTs e pessoas com deficiência.
Independente de idade, o ideal é respeitar o “talento” que transforma conhecimento e experiência em resultados. Os bons profissionais precisam ser recompensados e reconhecidos independentemente de suas idades.
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